Fado das trincheiras - Fernando Farinha
O soldado na trincheira
Não passa duma toupeira
Vive debaixo do chão
Só pode ter a alegria de
Espreitar a luz do dia
Pela boca de um canhão
Mas quando chegar a hora
Dele arrancar por aí fora
Ao som da marcha de guerra
Seus olhos são duas brasas
E as toupeiras ganham asas
Como as águias lá da serra
Rastejando como sapos
Com as fardas em farrapos
Pela terra de ninguém
Mas cá dentro o pensamento
Corre mais alto que o vento
Quando pela nossa mãe
E se eu morrer na batalha
Só quero ter por mortalha
A bandeira nacional
E na campa de soldado
Só quero um nome gravado
O nome de Portugal
Soldados da nossa terra
São voluntário da guerra
Que vêm bater-se por brio
Raça de povo e de glória
Que escreveu a nossa história
Nos mundos que descobriu
Por isso a Pátria distante
Brilha em nós a cada instante
Como a luz de uma candeia
Que arde de noite e de dia
No altar da Virgem Maria
Na igreja da nossa aldeia
Rastejando como sapos
Com as fardas em farrapos
Pela terra de ninguém
Mas cá dentro o pensamento
Corre mais alto que o vento
Quando pela nossa mãe
E se eu morrer na batalha
Só quero ter por mortalha
A bandeira nacional
E na campa de soldado
Só quero um nome gravado
O nome de Portugal